sexta-feira, 23 de abril de 2010
Danilo Gentili diz que seu livro incentiva o bullying!
Danilo Gentili concedeu uma entrevista à revista Guia do Estudante, da Editora Abril. Leia na íntegra:
- Você era mau aluno mesmo ou é “marketing pessoal?”
Eu era uma peste, mesmo. Tudo que está no livro eu fiz, menos aquelas coisas de usar Photoshop e Google para falsificar os trabalhos, porque isso não existia. Peguei suspensão 12 vezes, tive 78 anotações no livro negro e fui expulso da escola.
- No livro você conta essas suspensões como troféus. Seus pais também comemoravam cada uma dessas “conquistas”?
Não! Meu pai queria me matar. Me batia, deixava de castigo, ficava louco. Mas eu tinha boas notas, nunca tive problemas com isso.
- Você estudou em escola particular ou pública?
Comecei na particular, mas fui expulso depois de colocar uma bomba atrás da porta da sala de aula. Então fui para a pública.
- E você chegou à faculdade?
Bom, não cheguei à faculdade, cheguei à UniABC.... Não aprendi nada, era expulso das aulas. Mas devo a eles o meu sucesso. Comecei a ficar famoso com um vídeo que coloquei na internet falando mal da faculdade. Aí as pessoas começaram a querer pagar para me ouvir contando piada.
- Para usar um termo em voga, você não acha que seu livro incentiva o ‘bullying’?
O que é isso mesmo? Eu ouvi muita gente falando disso por aí... é igual trote?
- Não. É quando um aluno põe apelido, tira sarro, humilha com frequência outro dizendo que ele é, por exemplo, orelhudo ou gordo.
Ah, entendi. Então incentiva, sim. Tem até um capítulo ensinando técnicas para pôr apelido nos outros.
- Os americanos dizem que tem criança que se suicida por conta do bullying...
Cara, isso é bobagem, as pessoas levam as coisas muito a sério. Isso tudo é falta de base em casa. Os pais têm de dar segurança e confiança. Dá até para proibir chamar alguém de gordo na escola, mas não dá para proibir o mundo. E o menino vai crescer, procurar emprego e perder a vaga porque alguém acha que aquele trabalho não é para gordo. Só fica mal quem não tem segurança. Eu cresci vendo filmes de violência, adorava o Rambo, e nem por isso saí atirando...
- E você já foi humilhado ou sofreu perseguição na escola?
Sim, todo mundo me zoava. Eu era branquelo, desengonçado, tinha voz fina. Mas revidava, eu ia atrás dos valentões. Eu não era dos que zoavam o orelhudo. Eu era amigo dele e defendia.
- É tão difícil assim ser o pior da escola a ponto de precisar ter um manual?
Hmm... Acho que não precisa, não, mas se estão comprando meus livros... Os professores deveriam ler para não serem enrolados.
- Tem pai reclamando que seu livro atrapalha. E o Ministério Público proibiu para menores de 18 anos...
Todo mundo tem o direito de reclamar. Agora vai vender mais. O público menor de 18 anos é o que mais compra livros e revistas proibidos para menores de 18 anos.
- E se realmente começarem a usar suas técnicas para colar e copiar trabalhos?
Ah, aí eles vão se livrar de uma grande dor de cabeça!
- A escola não foi nada importante para você?
Foi importante, sim. Mais pela convivência em sociedade que pelas aulas de cálculo. A escola tinha de ser mais seletiva quanto às matérias, igual nos Estados Unidos. Você estuda o que quer estudar.
- Que disciplinas você escolheria?
Hmm... Redação, algumas ligadas à criação. Por que tenho de aprender cálculo?
- O livro do Tas [Nunca Antes na História deste País] vendeu 23 mil exemplares; o seu, 10 mil. Será que não teria compensando ser o melhor aluno da escola?
(risos) É, talvez! Mas o livro do Tas é bom, o meu é uma bosta.
Entrevista do Guia do Estudante
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